RECONSTRUINDO PONTES
Carmo Vasconcelos
Derrubem-se as paredes orgulhosas,
Erigidas na raiva dos repentes,
Triturem-se os tijolos insolentes
E as pedras de arremesso, belicosas!
E desfeitos os muros corrompidos,
Reconstruam-se pontes migratórias
Que resgatem afectos e memórias,
Em águas rancorosas imergidos!
Retome-se a palavra naufragada,
Recolham-se os abraços afundados,
Desafoguem-se os réus, por nós julgados…
– E a travessia da paz faz-se alcançada!
Que a morte espreita e surge inesperada,
E o que sabemos dela é quase nada!
***
Lisboa/Portugal
Dez/16/2010
***